Os carros bicombustíveis respondem hoje em dia por mais de 90% dos carros comercializados no país. A realidade era bem diferente há 15 anos. A estratégia de fabricar carros que rodassem com dois ou mais combustíveis diferentes foi impulsionada durante a crise do petróleo. Os americanos saíram na frente, utilizando misturas de etanol, metanol e gasolina em veículos que fizeram sucesso como o Ford Taurus. No Brasil, o programa Pró-álcool, que vigorou durante as décadas de 1970 e 1980, estimulou a produção de veículos movidos exclusivamente a etanol.
Com a normalização dos preços do barril de petróleo e o fim do governo militar, logo os carros movidos a etanol perderam espaço. Os carros flexíveis, ou simplesmente flex, se popularizaram no Brasil somente a partir de 2003. O responsável por mudar a matriz de combustão dos carros nacionais foi o celebrado Volkswagen Gol Power 1.6 Total Flex. Pela primeira vez um veículo produzido no Brasil era capaz de rodar com qualquer mistura entre álcool e gasolina E-25. Aliás, a nossa gasolina tem o nome de Gasolina E-25 porque, desde a década de 1930, o composto deve ser comercializado com alguma porcentagem de etanol em sua composição. A proporção estabelecida por lei atualmente é de até 25% de etanol para cada litro de gasolina, daí o nome gasolina E-25.
Os motores movidos a etanol não são novidade. Eles surgiram antes mesmo do motor à gasolina, como alternativa barata a outros combustíveis, como o querosene e o óleo de baleia. Muitos projetos históricos de motorização de meados do século XIX eram exclusivamente movidos a álcool. Então, não se espante com oque vamos te contar: o Gol não foi o primeiro carro flex a rodar pelas estradas brasileiras. Aliás, faz tanto tempo que um carro flex desembarcou no Brasil, que não vamos nem chamar de novidade. Em 1919 a Ford iniciou a produção do modelo T, sucesso de vendas inclusive no Brasil. Com alguns conhecimentos mecânicos e alguns ajustes no carburador, era possível rodar com etanol ou com gasolina. Chamado por aqui de Ford Bigode, por causa das alavancas sob o volante em formato de bigode, o modelo T revolucionou a indústria automotiva e rodou tanto com o álcool quanto com a gasolina!
Fonte: FlatOut
